José Guilherme Surdi

"Sempre quis ser perfeito. Sempre quis ser o melhor, o mais bonito, o mais inteligente, o mais educado, o mais elegante, o melhor aluno, o mais respeitado, o mais querido, o mais alto, o mais tudo aquilo que eu achava que queria ser. Eu sempre disse muita coisa, sempre fui muito falante, sempre fui muito expansivo, muito, muito, demais. E também fui errado, fiz muitas coisas erradas, em demasia, um pouco por defeito talvez, por maldade, por constituição minha, como processo, mas também errei muito por imaturidade, por inconseqüência, por falta de saber, de viver, por ignorância, e chego cada vez mais a conclusão que se erramos muito é porque não sabíamos como seria acertar, porque pessoas como eu erram não sabendo e só aprendem depois, pela dor, pela saudade, pela distância, pela ausência, pelo quase, pela vontade, por tudo aquilo que tenho sentido, o quase ter feito, ter dito, ter impedido, ter causado, ter agido, ter vivido."

Bem, é chegada a hora de um ponto; final, e acima de tudo, de o começo de uma nova frase, de um novo texto, numa nova folha.

A história está esgotada, as palavras faliram, as frases já não cabem e a página chegou ao fim. Tantas tentativas de seguir pela mesma linha se mostraram infrutíferas, inférteis e, a despeito de tudo, agora compreendo o que isso queria dizer - o que eu não queria entender -, porque ouvir, eu ouvia.

Que a nova folha seja bem nova e bem branca, e que tenha o mesmo cheiro gostoso que tudo aquilo que realizamos quando mais desejamos tem. Que encerre em si as nossas idealizações, mas com aquele equilíbrio realista que não nos faz sofrer em excesso.
Quero poder dizer então, não daqui a muito tempo, no lugar que julgar adequado:

e eu estava.
e eu estive.
e valeu a pena.

Estou me preparando, porque a nova folha vai exigir muita coisa nova - ou quase tudo novo - e eu vou cumprir, com cada requisito e na excelência que me pertence.

Há 25 dias, eu não estava preparado, estava apagando e escrevendo na mesma folha, aquela, toda surrada, dos mesmos tantos anos, da mesma história esgotada.

"te digo que somos produtos, assim como os blues criados, e as passagens pelas quais trilhamos, e as mãos que nos consomem, são a soma de caminho inexoráveis a nós outorgados e de escolhas, como opções, (...). Parece que é uma ação espelho eu escrever isso, mas não encare como cópia, é pura inspiração."

E é mesmo.

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