Fiódor Dostoiévski

Tu tens sede de vida, mas queres resolver as questões vitais por meio de mal-entendidos lógicos. E que obstinação! Que imprudência com isso!
Mas tens medo, apesar de tudo.
Dizes inépcias, mas sentes-te feliz com elas. Dizes insolências, mas tens medo e te desculpas.
Declaras que não receias ninguém, mas buscas as nossas boas graças.
Tu nos asseguras que ranges os dentes, mas gracejas ao mesmo tempo, para nos fazer rir. Sabes que as tuas sentenças não valem nada (...).
É possível que tenhas sofrido, mas não tens nenhum respeito pelo teu sofrimento.
Há certas verdades em tuas palavras, mas falta-lhes pudor.
Sob a ação da vaidade mais mesquinha, trazes a tua verdade para a praça pública, expõe-na no mercado, para alvo de chacota.
Tens alguma coisa para dizer, mas o temor faz-te escamotear a última palavra, pois és insolente, mas não audaz.
Gabas da tua consciência, mas não és capaz senão de hesitação, porque embora tua inteligência trabalhe, teu coração está emporcalhado pela libertinagem;
ora, se o coração não é puro, a consciência não pode ser clarividente e nem completa.
E como és importuno, como és molesto!
Que palhaçada, a tua! Mentira tudo isso! Mentira! Mentira!

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