Mário de Sá-Carneiro

Sim, a minha pobre alma anda morta de sono – e não a deixam dormir – tem frio, e não sei aquecer!
Endureceu-me toda! Secou, aniquilou-se; de forma que movê-la – isto é: pensar – me faz hoje sofrer terríveis dores.
E quanto mais a alma me endurece, mais eu tenho ânsia de pensar!
Um turbilhão de idéias – loucas idéias! – me silva a desconjuntá-la, a arrepanhá-la, a rasgá-la num martírio alucinante!
Até que um dia – óh! é fatal – ela se partirá, voará em estilhaços... A minha pobre alma! A minha pobre alma...!

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